sábado, maio 27, 2006

A Coluna por ... Sérgio Lopes do blog Cine-Asia

CANTOS DO MUNDO - ÁSIA

Tomando como ponto de partida o comentário de um dos frequentadores do meu blog, Cine-Ásia, o Nuno António, resolvi, neste artigo debruçar-me sobre quais os filmes, realizadores e tendências que nos últimos 25 anos contribuíram para a ocidentalização e divulgação do cinema asiático. Tentarei, portanto fazer referência às películas que quer pela sua singularidade, quer pela sua qualidade, são consideradas quase por unanimidade novos clássicos do cinema asiático, passíveis de serem recomendados para quem se vier a interessar pela bela cinematografia oriental.
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China
Após um centenário de filmografia, a China continua a produzir algumas obras marcantes no universo cinematográfico asiático. Em 1992, o filme Farewell my concubine de Kaige Chen, venceu a palma de ouro do festival de Cannes. Em 1994 e 1995, Zhang Yimou atingiu igualmente visibilidade em Cannes, com os seus filmes, o que lhe permitiu obter maior notoriedade, atingindo mesmo o estrelato com Hero de 2002, com Jet Li, nomeado para o Óscar da academia de Hollywod para melhor filme de língua estrangeira. A película seguinte de Zhang Yimou House of flying daggers consolidou o seu estatuto como um dos nomes mais conceituados do cinema chinês.

Tsui Hark é outro dos nomes incontornáveis do cinema chinês. Este realizador natural do Vietname e produtor de sucesso em Hong-Kong, divulgou a cultura chinesa um pouco por todo o mundo. Com a série de filmes Swordsman e Once upon a time in China, criou e popularizou o género Wuxia (artes marciais épicas). Este ano regressa em boa forma com mais um épico de artes marciais, Seven Sword, uma espécie de homenagem a Seven Samurai de Akira Kurosawa.

Japão
A partir dos anos 90 uma nova geração de cineastas, emergiram em diversos géneros e com diversos estilos de realização. Takeshi Kitano é mundialmente conhecido graças ao seu estilo muito próprio criando obras sublimes, das quais se destacam os thrillers sobre a máfia Yakuza Boiling Point, Hanna-Bi ou Brother ou mais recentemente num registo mais intimista mas igualmente de qualidade, Dolls e O verão de Kikujiro.
Para os amantes de violência gráfica e de um gore quase anime, Takashi Miike é o realizador recomendado. Obras como Gozu, Ichi the Killer ou o fabuloso Audition – Anjo ou demónio? não vão deixar ninguém indiferente ao estilo muito próprio de ultra-violência preconizado por Miike. Curiosamente, chegou este ano às salas portuguesas a incursão de Miike no cinema mais comercial com One Missed Call, de 2003.

O Japão é também a pátria do mais conceituado realizador de filmes de animação, Hayao Miyasaki. Princesa Mononoke, A viagem de Chihiro (vencedor do Óscar de Hollywood para melhor filme de animação) e o recente O castelo Andante são todos geniais.
O terror mainstream atingiu igualmente uma ascensão nos últimos 20 anos, vinda do Japão. Hideo Nakata com Ringu e Dark Water (ambos foram alvo de remakes americanos) foi o pioneiro do terror oriental. Takashi Shimizu com Ju-Hon (também alvo do remake americano The Grudge) e Kiyoshi Kurosawa com Kairo e Cure, são igualmente recomendações do cinema de horror japonês. (note-se que o realizador não tem qualquer grau de parentesco com o mestre Akira Kurosawa).
Igualmente recomendáveis são Taboo de Nagisa Oshima e A Sombra do Samurai de Yoji Yamada, para os apreciadores dos códigos de honra e hierarquização dos guerreiros samurais. Posso garantir que a abordagem nada tem a ver com o sofrível O Último Samurai com Tom Cruise.

Taiwan
O sucesso sem precedentes de Crouching Tiger Hidden Dragon de Ang Lee, catapultou-o para Hollywod e deu uma maior notoriedade ao cinema deste país. Yi-Yi de Edward Yang contribuiu igualmente para que o mundo colocasse os olhos no cinema de Taiwan neste virar de século.

Nota final: Trata-se da primeira parte de um artigo, focando as cinematografias de China, Japão e Taiwan. Na segunda parte do artigo falarei da Coreia do Sul, de Hong-Kong e de países com menos peso ao nível do cinema asiático, mas que ainda assim contribuem com películas recomendáveis. O artigo é baseado em pesquisa e visualização dos filmes que considero clássicos modernos do cinema asiático. Ressalve-se o facto de, por omissão, não falar em determinado filme, por isso, quem quiser, é livre de comentar, dar a sua opinião e eventualmente corrigir ou acrescentar algo, de forma a tornar este artigo uma referência para quem não conhecer o grande cinema asiático.

Sérgio Lopes

www.cineasia.blogspot.com