sábado, agosto 05, 2006

O Post

Blog de Origem: A Bomba
Data do Post: 15 de Julho de 2006
Bloguista: Flávio
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Então e o Civismo??? Tenho dúvidas em relação ao moralismo cívico mas sou a favor da pedagogia cívica.Faça-se mais pedagogia.
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O público português
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Tal como se analisa e julga a qualidade de um filme, também se deveria poder criticar a qualidade do público de cinema. O critério de avaliação consistiria no que poderíamos chamar, algo pomposamente, de cultura cinéfila dos espectadores – que incluiria parâmetros como a assiduidade, o civismo ou a extensão dos conhecimentos sobre filmes. Teríamos então de concluir que o público português é uma merda. É ele o grande responsável pela crise do nosso cinema: temos excelentes cineastas, argumentistas, actores e técnicos; só falta mesmo é um público bom.
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O nosso público não tem um mínimo de espírito crítico. É um público provinciano (no pior sentido) e pacóvio. Um estudo recente da Universidade Lusófona demonstrou que mais de metade dos portugueses têm uma atitude de indiferença em relação ao cinema do nosso país. Eis alguns números expressivos: 58,2% dos inquiridos afirmaram-se nem satisfeitos nem insatisfeitos com os filmes, mas 45,9% não foram capazes de dizer qual o último filme que tinham visto e 66,7% acham que a solução está na melhoria da qualidade dos diálogos. Isto diz tudo.
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O problema maior é que já nem os filmes estrangeiros, bons ou maus, parecem interessar aos portugueses. Os cinemas estão cada vez mais às moscas e multiplicam-se os casos de salas históricas que encerram por falta de espectadores. À excepção de alguns fenómenos da moda ou altamente mediatizados, o cinema é hoje um espectáculo em crise entre nós e os resultados do box-office não deixam quaisquer dúvidas a esse respeito.
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Quanto à falta de civismo, chega a ser escandalosa. Os poucos portugueses que ainda vão ao cinema não sabem como se comportar num lugar desses, nem respeitam os outros que lá estão e também pagaram bilhete: os pés em cima das cadeiras, a ruminância das pipocas e até a escarradela furtiva para o chão já se tornaram em lugares comuns. Quando fui ao cinema ver A Costa dos Murmúrios, a algazarra de um casal de paneleiros enchia a sala toda; a meio da sessão, lá tive de me levantar e pedir aos dois que se calassem, porque não conseguia ouvir o filme; mal regressei ao meu lugar, recomeça aquela balada infernal. Ainda hoje, não sei do que trata A Costa dos Murmúrios.
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Nota do editor: Este post foi retirado e é parte integrante do blog A Bomba.