Cinco Posts sobre ... (13)
Viciado em Cinema e TV (A Sequela)
Um olhar sobre a Blogosfera do Cinema.
Viciado em Cinema e TV (A Sequela)
Instituto Franco-Português
Maio e Junho 2006
2, 8, 15, 22, 29, 30 e 31 de Maio e 1,5 e 6 de Junho
Entrada 2€
China
Após um centenário de filmografia, a China continua a produzir algumas obras marcantes no universo cinematográfico asiático. Em 1992, o filme Farewell my concubine de Kaige Chen, venceu a palma de ouro do festival de Cannes. Em 1994 e 1995, Zhang Yimou atingiu igualmente visibilidade em Cannes, com os seus filmes, o que lhe permitiu obter maior notoriedade, atingindo mesmo o estrelato com Hero de 2002, com Jet Li, nomeado para o Óscar da academia de Hollywod para melhor filme de língua estrangeira. A película seguinte de Zhang Yimou House of flying daggers consolidou o seu estatuto como um dos nomes mais conceituados do cinema chinês.
Tsui Hark é outro dos nomes incontornáveis do cinema chinês. Este realizador natural do Vietname e produtor de sucesso em Hong-Kong, divulgou a cultura chinesa um pouco por todo o mundo. Com a série de filmes Swordsman e Once upon a time in China, criou e popularizou o género Wuxia (artes marciais épicas). Este ano regressa em boa forma com mais um épico de artes marciais, Seven Sword, uma espécie de homenagem a Seven Samurai de Akira Kurosawa.
Japão
A partir dos anos 90 uma nova geração de cineastas, emergiram em diversos géneros e com diversos estilos de realização. Takeshi Kitano é mundialmente conhecido graças ao seu estilo muito próprio criando obras sublimes, das quais se destacam os thrillers sobre a máfia Yakuza Boiling Point, Hanna-Bi ou Brother ou mais recentemente num registo mais intimista mas igualmente de qualidade, Dolls e O verão de Kikujiro.
Para os amantes de violência gráfica e de um gore quase anime, Takashi Miike é o realizador recomendado. Obras como Gozu, Ichi the Killer ou o fabuloso Audition – Anjo ou demónio? não vão deixar ninguém indiferente ao estilo muito próprio de ultra-violência preconizado por Miike. Curiosamente, chegou este ano às salas portuguesas a incursão de Miike no cinema mais comercial com One Missed Call, de 2003.
O Japão é também a pátria do mais conceituado realizador de filmes de animação, Hayao Miyasaki. Princesa Mononoke, A viagem de Chihiro (vencedor do Óscar de Hollywood para melhor filme de animação) e o recente O castelo Andante são todos geniais.
O terror mainstream atingiu igualmente uma ascensão nos últimos 20 anos, vinda do Japão. Hideo Nakata com Ringu e Dark Water (ambos foram alvo de remakes americanos) foi o pioneiro do terror oriental. Takashi Shimizu com Ju-Hon (também alvo do remake americano The Grudge) e Kiyoshi Kurosawa com Kairo e Cure, são igualmente recomendações do cinema de horror japonês. (note-se que o realizador não tem qualquer grau de parentesco com o mestre Akira Kurosawa).
Igualmente recomendáveis são Taboo de Nagisa Oshima e A Sombra do Samurai de Yoji Yamada, para os apreciadores dos códigos de honra e hierarquização dos guerreiros samurais. Posso garantir que a abordagem nada tem a ver com o sofrível O Último Samurai com Tom Cruise.
Taiwan
O sucesso sem precedentes de Crouching Tiger Hidden Dragon de Ang Lee, catapultou-o para Hollywod e deu uma maior notoriedade ao cinema deste país. Yi-Yi de Edward Yang contribuiu igualmente para que o mundo colocasse os olhos no cinema de Taiwan neste virar de século.
Nota final: Trata-se da primeira parte de um artigo, focando as cinematografias de China, Japão e Taiwan. Na segunda parte do artigo falarei da Coreia do Sul, de Hong-Kong e de países com menos peso ao nível do cinema asiático, mas que ainda assim contribuem com películas recomendáveis. O artigo é baseado em pesquisa e visualização dos filmes que considero clássicos modernos do cinema asiático. Ressalve-se o facto de, por omissão, não falar em determinado filme, por isso, quem quiser, é livre de comentar, dar a sua opinião e eventualmente corrigir ou acrescentar algo, de forma a tornar este artigo uma referência para quem não conhecer o grande cinema asiático.
Sérgio Lopes
Post: Um ano de Pasmos
Post: Carta Aberta a Hugo Alves
Caro Hugo Alves:
Há algum tempo publicaste no teu blog (http://wwwamarcord.blogspot.com/) um loquaz artigo intitulado Função social do Cinema? Nele, se bem o entendi, começas por afirmar que tudo tem uma função social, e o cinema não é excepção. Posteriormente, declaras o teu gosto pelos modelos narrativos e estéticos neo-realistas, devido aos valores humanos que perpassavam as obras dos diversos realizadores. Terminaste dizendo que talvez a maior função social do cinema fosse demonstrar amor ao Cinema, contribuindo para a perpetuação do meio. O cinema é Cinema somente quando conhece, utiliza capazmente e homenageia o meio em que se inscreve.
Pois bem, venho por este meio contestar alguns pontos do teu texto, nomeadamente aqueles que se relacionam com o neo-realismo.
Começo por dizer que nenhum filme pode valer-se única exclusivamente de uma qualquer ideia de intervenção social e política como afirmação estética. Aí, o exemplo cabal do neo-realismo é preponderante. A importância deste género justifica-se pela forma como, na sua época, foi o mais eloquente vector de um dos desejos básicos do cinema: a capacidade de mostrar a própria vida, sem concessões e sem embelezamentos fúteis. O neo-realismo propunha-se assim a eliminar o mimetismo e, logo, o simulacro, e a inscrever um pedaço de vida numa série de quadrados de celulóide. Nada contra, não fora o facto de, por exemplo em Roma Cidade Aberta, Rossellini ter utilizado, parafraseando Eric Rohmer, a falta de imaginação como argumento artístico. A importância histórica ninguém lha tira; muitos já a ultrapassaram. Fora os "fait-divers" (a rodagem em cenários naturais e com som directo, por exemplo), pouco resta de opção estética verdadeira por parte do italiano. Não por acaso, são muito mais interessantes os filmes do italiano sobre algo que bem conhecia – a sua relação com Ingrid Bergman.
Naturalmente, toda essa estética foi brindada com elogios por parte dos turcos dos Cahiers – nesse modo de filmar radicava uma posição perante o mundo. Acontece que, no meio dessa nova posição, esqueceu o Cinema. Os turcos que tanto o elogiaram ultrapassaram-no, ao tornarem cada objecto em noventa minutos mistos de idiossincrasia formal e intervenção social. Para o fazer, é inclusivamente necessário, como ainda hoje faz Godard e muito bem, tornar o mundo numa realidade meta-cinematografica. É necessário aproveitar ao máximo o aparato totalitário do cinema, aproveitando assim as suas possibilidades de comunicação (aqui, quem quiser poderá ver manipulação). Toda a comunicação implica consenso, mas também implica algo de individual; senão, estará condenada á partida, sob pena de futilidade. Rossellini esconde-se atrás das câmaras. Paradoxalmente, vejo mais vida nas cores sumptuosas e artificiais e nos cenários de estúdiode Michael Powell (conferir The Life and Death of Collonel Blimp, fascinante tratado sobre o envelhecimento sobre o fraccionamento de vidas pessoais em tempo de guerra), que, em toda a intervenção desrealizante do cineasta britânico, são quase tão eficazes quanto o distanciamento formal brechtiano, do que nas ruas e vielas da Roma do pós-guerra.
Por tudo isto, dir-te-ia que se o cinema, como tudo o resto, tem uma função social garantida e louvável, tem-na apenas e só quando essa função entra em comunhão profunda com todos os elementos estéticos. Não se trata de uma subvalorização dessa componente social. É apenas a lembrança de que não existe matéria sem forma. E que a auto-anulação (outro termo para objectividade, quer se fale de cinema ou de jornalismo) de si mesmo presente em parte da obra de Roberto Rosselini nada tem de benéfico. Todos conseguimos construir castelos de areia; todos temos, no entanto, de saber moldar as torres de vigia de acordo com os nossos horizontes. A função social do Cinema é, então, a de mostrar que o seu meio serve, simultaneamente, a expressão pessoal e a intervenção global. É, em suma, essa a quimera proposta pelos gémeos franceses de Os Sonhadores: um meio de conhecimento do mundo que, através da revisão contínua, permitia o conhecimento de outros (quem os fez) e, logo, eliminava a deslocação física e temporal que não estivesse já de si presente nas obras vistas. Negação da Verdade? Pois bem, a Verdade não existe, existe apenas a verdade. E um filme conseguir impor o seu ponto de vista social transcende o cinema e o Cinema: torna-o testemunha do seu tempo, da mesma maneira que as peças de Molière o são do dele. Não por acaso, à maneira de Rashomon, muitas vezes, em tribunal, as testemunhas de um processo vêem os acontecimentos de forma diferente...
Cumprimentos,
Miguel Domingues
A Origem da Tragédia
A partir da década de 80 do Século transacto começou a assistir-se, em Portugal, ao fenómeno da massificação dos complexos multiplex, estruturas organizacionais que se caracterizam por ter um número considerável de salas de cinema. Eis a origem da tragédia: paulatinamente, foram desaparecendo salas que marcaram uma época e, pior ainda, o próprio ritual da ida ao cinema foi alterado.
Vieram as pipocas, os refrigerantes e afins, naquilo que mais não é do que uma importação de um hábito norte-americano perfeitamente dispensável. Vimos o santuário que é a sala de cinema invadida por sons perturbantes, que desconcentram e que não ajudam a ver o filme. Transformámos algo que era puro num objecto não identificado, a meio caminho entre a nossa sala de estar e um bar.
Quem vai ao Cinema, o verdadeiro cinéfilo diria eu, vai porque é impelido pela escuridão da sala. Procura abrigo nos mundos que desfilam na tela branca, animando, entristecendo, fazendo rir, pensar… não vai com o intuito de comer ou beber. Ser apaixonado pelo Cinema, pelos filmes, equivale a transformar a própria ida em algo quase sagrado. E, por isso mesmo, não deixará de se considerar um insulto ver alguém a comer ou beber durante a projecção de um filme.
E, como se isto não bastasse, os multiplex trouxeram um efeito ainda mais nefasto: progressivamente, apenas fomos sendo brindados com o cinema comercial norte-americano. O cinema independente, o cinema europeu, o cinema de autor, esses gritos de liberdade contra o jugo de Hollywood viram-se relegados para algumas salas que vão resistindo estoicamente, contra tudo e todos, procurando satisfazer uma imensa minoria silenciosa.
E, assim, cumpre lançar o repto: já que os multiplex conquistaram o seu lugar (em definitivo?), porque não afectarem uma sala ao cinema não hollywoodiano e, se possível, fazerem reposições? Ainda mais um repto: porque não abolir os aditivos alimentares que tanto perturbam o espectador digno desse nome?
Provavelmente, talvez fossem recuperados os 700.000 espectadores que as salas de Cinema perderam. Em vez de criticar consecutivamente os downloads ilegais, talvez seja chegada, também, a hora de pensar para onde quer ir a indústria cinematográfica. Será que deseja apenas gerar a constante desmotivação e alheamento do espectador, fruto da exibição consecutiva de blockbusters que, por via de regra, mais não são do que mais do mesmo, ou, em alternativa, não terão, também, um papel a desempenhar na elevação do nível das fitas que projectam? Basta pensar que, recentemente, filmes como Lost in Translation conheceram um sucesso que, à partida, não seria expectável…
Dito de outro modo, caberá perguntar se um modelo de exibição em que o lucro justifica tudo, também justificará a perda consecutiva de espectadores que, num futuro próximo, poderá vir a redundar na eliminação da sua fonte de receitas: o público.
Hugo Alves
Hollywood
Gonn 1000
A Casa Encantada
Cinema Dungeon
Take 2
Nota do editor: Novos blogues poderão ser incluídos ao longo da semana
Post: Um momento de claridade
Porque vamos ao Cinema?
Vou ao cinema para sair do mundo.
Na sala, sentado, descaído, na escuridão, o mundo abandona-me e eu abandono-o. O barulho da porta da sala que se fecha traz-me um sentimento de paz indescritível, desligo o telemóvel, saboreio as apresentações (ou irrito-me com a sua repetição) e o filme, bom ou mau, enche toda a minha consciência. Mesmo se algo me perturba, aflige, magoa, surge filtrado pela tela, pelo som, pelas imagens, pelos actores. É uma realidade paralela. Outra realidade. Eu, plácido e pacato, assisto, passivamente. O mundo está lá fora e mesmo que ande à minha procura a sala de cinema é o único sítio do mundo em que me sinto fora dele.
Ainda hoje me acontece sair da sala e acreditar com todas as minhas forças que posso realmente sair para outro sítio, diferente daquele por onde entrei. E às vezes acontece.
DM
Sejam bem vindos ao DOLLARI ROSSO, o Site/Blog brasileiro sobre Spaghetti Western. Aqui vocês vão encontrar artigos, criticas e informações variadas sobre este gênero espetacular que revolucionou o cinema nas décadas de 70 e 60
----------------------
Nota do editor: Este post foi retirado e é parte integrante do blog Dollari Rosso
Outros blogs a visitar:
Nota: Não foi feita qualquer selecção (em termos de qualidade intrinseca) para a escolha dos 5 posts desta rubrica. Blog blog blog procura apresentar temas em voga e abrir 5 janelas para a Blogosfera.
Pele
Mafalda Azevedo
Mission: Impossible III
Site Oficial
Nota: Não foi feita qualquer selecção (em termos de qualidade intrinseca) para a escolha dos 5 posts desta rubrica. Blog blog blog procura apresentar temas em voga e abrir 5 janelas para a Blogosfera.
Blog Mês de Maio
Amarcord
Blog:Amarcord
Bloguista: Hugo Alves
Data de nascimento: 24 de Janeiro de 2006
Amarcord através da palavra de Hugo Alves leva-nos a pensar o Cinema.
São textos muito bem escritos, cheios de inteligência e amor á 7 Arte.
Hugo Alves dá-nos a alegria de colaborar mensalmente com o Blogblogblog.
Aqui pode ler o texto publicado em Abril.
Faça uma visita ao blog e leia também os posts mais antigos.
Pelas palavras do próprio:
Amarcord é um blog relativamente jovem.
Com efeito, o seu aparecimento data de Janeiro de 2006 e é o resultado de este bloggeiro ter ganho coragem para tentar escrever sobre cinema. Como facilmente se percebe, com blogs cuja qualidade é inegável (como é o caso, por exemplo, do Escrever Cinema, do Jeu de Massacre ou do Mise en Abyme) a decisão de avançar tem de ser sempre ponderada.
Assim, uma vez sopesados os prós e contras, acabei por lançar-me à aventura, abandonando outro espaço que geri e dedicando-me, o mais que posso, ao Amarcord. O objectivo do blog é avançado, desde logo, pelo título:
Amarcord
Saudações cinéfilas!
Hugo Alves
-----------------------------------
Post: Corrente de Solidariedade